domingo, 27 de novembro de 2011

Vitória Histórica de quem representa de verdade: Todas As Cores são reconhecidas!



No dia 24 de novembro de 2011, eu me dirigi até o ISP/ICH-UFPel pra votar na Chapa 1 – Todas As Cores, nas eleições para DCE. E uma coisa me fez parar e refletir um pouco, enquanto meu voto era depositado na urna.
Uma estudante, que não conheço e nem sei se era representação de alguma chapa, se sentou ao lado da mesária e perguntou ao representante da Chapa 2 onde seria a festa da vitória deles. Não me lembro o que o guri respondeu. E depois ela dirigiu a mesma pergunta ao representante da Chapa 1, André, meu camarada da Filosofia.
André disse que o Coletivo Todas As Cores deveria acompanhar a apuração no DCE da UCPel. E aí o guri da chapa 2 disse “a gente não faz isso, a gente aguarda o resultado pra comemorar.”
Isso me fez abrir um sorriso de satisfação por estar votando na chapa certa. Lembrei da eleição de 2010 e da eleição de delegados para o CONEB...
Acompanhando a gurizada que compõe a chapa 1, posso dizer que eles não se reúnem pra comemorar, simplesmente. Mas eles se reúnem e vivenciam tudo juntos. Se ganham, estão juntos pra servir de suporte uns ao outros e comemorar. Se perdem, estão juntos pra servir de suporte uns aos outros e avaliar o que deu errado.
Eles estão juntos em todos os momentos. O sofrimento, a angústia da espera é compartilhada. A alegria da comemoração, mais ainda.
Pra mim, isso é um grande diferencial.
Na sexta-feira, às 05h45 da manhã, recebi uma ligação do Luan, pedindo pra ir encontrar o grupo, pois o resultado era favorável ao Coletivo Todas As Cores, a diferença entre a chapa 1 e a chapa 2 chegava a mais de 600 votos. Nem sei explicar o que senti. Apenas reagi. Vesti-me e fui me encontrar com o grupo no Porão do Direito.
Chegando lá, alguns dormiam, outros cantavam, outros choravam e outros permaneciam apreensivos. E ao ver aquele grupo reunido mais uma vez por puro companheirismo na luta e na crença de que fizeram um bom trabalho durante a gestão, fui invadida por uma emoção que só se sente quando você deixa de ser um ente, e passa a ser um grupo, uma unidade plural.
Amanhecia e muitos estavam ali desde que as urnas foram fechadas e levadas para a apuração. Alguns foram pra suas casas descansar. Mesmo assim, a quantidade de membros e apoiadores ali reunidos era tão grande que havia dificuldade em caminhar lá dentro.
E em meio as lágrimas, surgiu a sugestão de irmos caminhando pela rua até a praça Pedro Osório, e permanecer na frente do DCE UFPel até o fim da apuração.
Fomos.
Eram umas 07h00 e a alegria e os olhos brilhantes permaneciam.
Já na praça, outros companheiros foram chegando. Uns com mate, outros com comida, água, cigarros, abraços ou mais lágrimas. Alguns, derrubados pelo cansaço, dormiam sob o belo sol daquela sexta-feira e sobre a grama ou mesmo na calçada, atrapalhando os pedestres. Os sorrisos eram constantes. A música e o companheirismo também.
Quando a COE anunciou que emitiriam o resultado oficial apenas às 13h00, alguns foram pra suas casas ou trabalho, e outros optaram por esperar. Já eram 09h30 quando o grupo dispersou.
Após a apuração dos mais de 800 votos em envelopes, o resultado não mudou muito, e com a diferença de 543 votos de sua principal concorrente, a Chapa 1 garantiu a primeira reeleição de gestão para o DCE UFPel em 10 anos.
Sobre isso, pouco a dizer. Reconhecimento do trabalho de um ano da Gestão Todas As Cores. Reconhecimento do companheirismo do grupo. A luta, pra este grupo, nunca foi de um só ou de poucos, mas de todos. Todos se envolvem. Isso sim é vontade de ir adiante com o trabalho, com as propostas e com os resultados.
E mesmo que muitos digam e acreditem que a gestão não fez nada, as urnas mostram o contrário e ainda reconhecem isso. Com certeza, não foi uma gestão perfeita. A perfeição é impossível. Mas o que foi possível, foi e continua sendo feito.
Exemplo disso é que, no mesmo dia, logo após o resultado oficial ser divulgado, o Coletivo, e mais uma vez, Gestão Todas As Cores, se dirigiu até o vice-governador do Estado do Rio Grande do Sul para exigir a discussão sobre a garantia da meia-passagem para os estudantes universitários e solicitando a fiscalização do serviço de transporte público.
É assim mesmo, sem tempo pra descansar e comemorando nos intervalos entre uma luta e outra.
Naquela noite, o grupo se reencontro no Bar do Zé, no Porto. Local onde os estudantes se reúnem para comemorar e confraternizar. E quem estava lá, pode ver a alegria pelo reconhecimento e pela confiança depositada naquele grupo. O apoio dos presentes, só reforçava o sentimento de compromisso com o Movimento Estudantil da UFPel. E foi assim até o amanhecer.
E no meio disso tudo, eu devo comentar um evento que evidencia algumas coisas.
Durante a apuração, o coordenador geral da chapa 2, acompanhava a contagem no DCE. Quando a diferença começou a ficar descaradamente explícita, o capitão abandonou o barco antes da apuração terminar. Perguntei-me e perguntei a alguns estudantes e companheiros como alguém que foge quando a coisa começa a apertar pode acreditar que é capaz de representar os estudantes da UFPel?
E aí devemos reconhecer o trabalho de duas MULHERES – as mulheres, a muito tempo mostrando e reafirmando sua força e comprometimento – representantes da chapa 2 e que permaneceram até o fim da apuração, mostrando que têm compromisso com o ME e com a democracia. Não recordo o nome e talvez eu não conheça elas. Se não me engano, Larissa e Tássia ou Tassiane.
Essas duas gurias merecem aplauso, assim como outros membros da chapa, que não estavam envolvidos na eleição pra carregar bandeira de partidos e de políticos que depositaram até recursos financeiros na campanha. Existe sim, naquele grupo, pessoas comprometidas com os estudantes. Diferente de alguns de seus companheiros. E, mais uma vez, afirmo que estas caras conhecidas e que os estudantes da UFPel não querem mais como seus representantes, foi o que atrapalhou e/ou impediu que o restante – creio que, estes sim, merecedores de uma chance de nos representar – comemorassem e assumissem o DCE.
E eu espero que estes, que acredito e vi comprometimento e muita vontade de fazer, não se desmotivem, não se desarticulem. Que permaneçam unidos, trabalhando junto com a gestão vencedora e/ou cobrando quando for necessário. Não desistam mesmo, pois a UFPel precisa de gente assim.
Já Tony e Cia, eu espero que nunca mais retornem ao DCE como gestão. Sinceramente, espero que nem mais concorram. Mas se concorrerem é bom também, pois garantem risadas. Sabemos bem o tipo de trabalho que eles são capazes e fazem. E os estudantes mostraram nas urnas que não aprovam.
Parabéns a todos as chapas, à COE guerreira de sempre, aos eleitores.
Meu agradecimento especial ao Festas UFPel, por dar a oportunidade aos estudantes de verem que algumas pessoas tratam eleições com comércio, que investem nisso, achando que estudante é burro.
Peço também desculpas aos que movimentam o site por tê-los atacado, achando que estavam servindo de mídia de manipulação, quando, na verdade, estava apenas vendendo espaço publicitário com direito a exclusividade. Ainda gostaria de saber de quanto foi o investimento que fizeram pra ter essa publicidade exclusiva garantida. Mas sabemos que não foi coisa pouca. E daí os estudantes já sabem questionar de onde vem tanto investimento pra campanha e o motivo de ser tão importante para alguns políticos investir tanto dinheiro na campanha de uma chapa para ganhar eleições um diretório acadêmico.
Mais uma vez, parabenizo todos. E aos que estavam envolvidos com as pessoas erradas e que não queremos nos representamos, não desmobilizem. Conheçam a história daqueles que estão com vocês, pesquisem o que eles representam para os estudantes e verão que, “diga-me com quem andas e te direi com quem deverias andar.”
Bola pra frente.
Gestão Todas As Cores, não decepcionem e mostrem que “Se Muito Já Foi Feito, Mais Vale O Que Será!”



2 comentários:

Denis Carvalho disse...

Parabéns aos colegas da chapa 1 que foram eleitos democraticamente, estou na militância do movimento estudantil já faz algum tempo já ganhei e já perdi diversas vezes, O período de eleição é sempre assim, acusações acontecem mas não podemos perder a noção e o limite entre criticar e desrespeitar, Faço a defesa do colega Tony pois se vc falou em abandonar o barco, é pq vc não sabe o que está falando. Mas tudo bem não adianta se explicar pois os amigos não precisam e os inimigos não vão acreditar. Parabéns aos colegas da chapa todas as cores e desculpa algum mau entendido durante as eleições e espero que está gestão deixe de lado palavras como agroboys homofóbicos e esta divisão desnecessária do movimento estudantil que só quem sai perdendo nisto são as classes verdadeiramente oprimidas. Nos vemos logo logo, pois a oposição tem um papel importante a cumprir.

Landa Ciccone disse...

Quando falo sobre "abandonar o barco", é uma impressão minha do evento. Talvez não só minha, pois não é uma postura de liderança.
Concordo muito com vc quando ao uso do termo 'agroboy', que só fui conhecer depois que vim morar no sul e, sempre me soou como 'playboy do campo'. Mas vejo que outros adjetivos são relacionados ao termo. E espero que façam o mesmo ai usar o termo 'os coloridos'. Mas isso não significa que as outras classes não são oprimidas de verdade, como vc supõe.
Sou mulher, sou homossexual, sou descendente de nordestinos, de negros e índios, sou parda, sou carioca, sou tatuada, não tenho família, sou pobre, parece que tenho uma doença degenerativa... Enfim, sofri e sofro discriminação, intolerância e opressões que foram e são reais, que vão de olhares de desprezo até abusos sexuais. E não venha me dizer que isso não é uma opressão verdadeira. Eu já ouvi isso da boca dos que fizeram isso comigo. Se hoje eu combato, é porque sei muito bem das dores.
Fora que o preconceito com os 'agroboys' - tive que usar o termo pra não fugir do assunto - é notável num ato de rejeição, pois ninguém sai por aí os chamando de aberrações, fazendo provocações que denominam abusos sexuais e exploração sexual, batendo neles por usarem bombachas ou sei lá o quê... Posso estar errada, afinal, como afirmo, só sendo de um grupo oprimido pra saber das pequenas e grandes agressões. Mas de toda forma, a simples rejeição é uma forma dura de preconceito. E por isso concordo quando expõe aqui a realidade quanto a isso.