segunda-feira, 9 de julho de 2012

Feminismo pra quê e pra quem?



A mais rasa das mentes que opta por discutir ou questionar as posturas e ações Feministas de hoje, têm como conhecimento apenas a história do movimento do fim do século XIX pra cá. Isso quando possuem ao menos esse pequeno período da História do Feminismo como informação. Quem não tem a mínima informação ou interesse no movimento, lança sobre às ativistas toda uma gama de preconceitos machistas, construídos, estruturados e difundidos ao longo de toda a história da humanidade – fundamentada num eixo patriarcal e centralizador de poder.
Esse período amplamente difundido como a História no movimento feminista, nada mais é que apenas um período recente desta história. É o período em que o movimento ganha estrutura política e força enquanto movimento social, graças à popularização do anarquismo e do socialismo, e ao aparecimento das teorias marxistas, que ao se mobilizarem em prol do proletariado, buscando desestruturar o sistema de exploração capitalista – que tornara-se mais forte após a Revolução Industrial – abarcam também a questão das mulheres na sociedade.
As mulheres, até a Revolução Industrial, eram excluídas do mercado de trabalho, sendo elas destinadas apenas ao âmbito privado, pois assim, sem contato com a vida social, também estariam sem contato algum com o poder. Lembrando que poucas eram as mulheres privilegiadas, que podiam estudar e freqüentar as altas esferas da sociedade. E em sua maioria, isto era possível serem mulheres com poderes aquisitivos. O que prova que o preconceito de gênero só se agrava com o preconceito social: uma mulher com poder aquisitivo, poderia viver entre os homens, ter acesso à educação, viver sem casar-se...


Karina Buhr em seu blog-manifesto sexoagil.com: "Mulherzinha é o caralho!"

Enfim, a realidade é que o Feminismo antecede muito tudo isso que é apresentado como cronologia do Movimento. Mais que isso: o Feminismo abrange muito mais do que os direitos das mulheres.
Ao longo de toda a história da humanidade, os homens sempre se preocuparam e se ocuparam em encontrar um lugar, uma função social para as mulheres, condicionando-as ao cárcere privado em cavernas, casas, à obrigação da reprodução, à subserviência. Não só no âmbito prático, pois os filósofos também se ocuparam em encontrar esse lugar no mundo para as mulheres; em investigar uma tal ‘natureza feminina’ que, de acordo com eles, era dotada de ‘inferioridade intelectual’, e por isso, não poderia participar da democracia, da vida livre.
O grande e cultuado Aristóteles, em seu famoso livro “Política”, institui esse lugar para a mulher, fora na vida. A mulher é colocada junto aos escravos, estrangeiros, velhos, crianças e animais, num universo de posse. Estes deveriam ter um senhor, serem possuídos. Seres ‘incapazes’ de governarem a si mesmos e, por isso, deveriam ser governados.
Este livro de Aristóteles foi o que estruturou a Pólis grega e fundamentou o ideal de Democracia que se construiu nas sociedades ocidentais. Ainda vemos hoje os reflexos deste destino dado pelos homens livres aos excluídos da vida livre. Mais que isso, outros pensadores extremamente importantes pra história do conhecimento também contribuíram para esta construção de que a mulher é apenas mais uma das posses dos homens livres. Não só as mulheres, mas qualquer um que não pudesse pagar por para ser livre. Na Roma antiga, uma mulher que parisse três filhos homens ganhava a liberdade, por exemplo. E isso ficou ainda mais descarado com Kant, que em suas obras afirma que a mulher deve ter um dono, e que a função dela é ser enfeite e agradar ao seu possuidor. Daí o termo ‘mulher bibelô’.

Olympe de Gouges (1748-1793)

A Revolução Francesa prossegue com o ideal machista, e Rousseau, além de autor de uma obra que ‘ensina’ como educar um homem e como educar uma mulher – O Emílio, Ou Da Educação -, redige também a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), que cumpria exatamente o que prometia: declarar os direitos dos homens (gênero) e dos que podiam ser cidadãos. A prova de que o documento cumpria o que prometia é a gama de documentos surgidos após a publicação deste, reivindicando os direitos das mulheres e das cidadãs, assim como de camponeses e estrangeiros. Exemplo disso, a jornalista e escritora feminista Olympe de Gouges, que dois anos depois da apresentação deste documento sexista, escreve a Declaração dos Direitos das Mulheres e da Cidadã (1791), e foi guilhotinada por desafiar a autoridade masculina com seus escritos.

Mary Wollstonecraft (1759-1797)

Antes de Olympe de Gouges, a professora e escritora feminista inglesa Mary Wollstonecraft escreveu em 1790, A Reivindicação dos Direitos da Mulher, também em retaliação ao documento de Rousseau. E antes mesmo da Revolução Francesa, Poullain de la Barre, escritor e filósofo feminista, questiona a injustiça histórica em relação às mulheres, e faz uso dos princípios cartesianos para denunciar isso e reivindicar igualdade de direitos para as mulheres.

“Tudo o que os homens escreveram sobre as mulheres deve ser suspeito, pois eles são, a mesmo tempo, juiz e parte.” (Poullain de la Barre)

Sóror Juana Ines de la Cruz (1651-1695)

E, curiosamente, no século XVII, uma mexicana, revoltada com o fato de que não poderia entrar em uma universidade e que teria que se casar, opta por se tornar monja, pois desta forma, poderia se dedicar aos estudos, pesquisas e aos seus escritos. Foi desta forma que Juana Ines de la Cruz se tornou um ícone da Literatura Barroca Mexicana. Chamada por muitos de seus contemporâneos por Décima Musa, Sóror Juana produziu aquilo que muitos acreditam ser a produção literária mais rica do México, “permanece insuperável pela universalidade de seu pensamento, o brilho de sua sagacidade, a correção de sua prosa e a magnificência de sua poesia, combinado com o domínio insuperável do conhecimento alegórico e profundo de muitos assuntos.”
Sóror Juana possuía a mais rica biblioteca das Américas em seu tempo, graças aos inúmeros livros que ganhara de presente de inúmeros amigos intelectuais europeus e mexicanos. Mas infelizmente, a inquisição lançou os olhos sobre a importância que Sóror Juana tinha, por conta de todo conhecimento adquirido com anos de estudos, e censuraram e recolheram muitos de seus livros e instrumentos de pesquisa científica, condenando sua busca e transmissão de conhecimento.

FEMEN

Em todos esses casos que antecedem as “ondas” do movimento Feminista que surgem a partir do fim do século XIX, Sóror Juana Ines de la Cruz, Poullain de la Barre, Mary  Wollstonecraft e Olympe de Gouges pautavam a questão da desigualdade que atingia não apenas as mulheres. A reivindicação por cidadania clamavam pelo direito a cultura e educação para todos, e na mesma medida em que estas eram ofertadas aos poderosos. 
Outras pensadores mais contemporâneas reforçam essa solicitação por igualdade social e contra as múltiplas explorações, como Rosa Luxemburgo, Simone Weil e Simone de Beauvoir. Estas produziram material essencial hoje aos movimentos de mulheres.
Wollstonecraft apresentou o Feminismo como uma luta pelos direitos da humanidade, pois a mulher sempre esteve ao lado de outros grupos excluídos. O Feminismo é, inclusive, uma luta pelos direitos de quem não quer ter direitos. Se uma mulher no Oriente Médio quiser seguir viver sob as leis religiosas que governa seu país, que viva por ser uma escolha dela, e não porque aquelas leis lhe são impostas por uma tradição milenar. Que ela tenha direito de escolher se que viver sob os direitos humanos ou sob os direitos dos homens.

Bra-Burning (1968)
Marcha das Vadias - Porto Alegre (2012)

Após a queima de sutiãs de 1968, nada mais natural que a nova onda feminista seja marcada pelos seios à mostra. Penso que podemos declarar sim, que a nova onda foi iniciada e ela se dá de duas formas: 1. A constante construção de voz; e 2. Atos de inversão do uso do corpo.
A dominação machista sempre teve sua expressão máxima por meio da violência física contra mulheres, crianças, LGBTs e outros grupos. O corpo feminino, ainda hoje visto como objeto de desejo ou como mercadoria na gôndola do supermercado, agora é usado como arma. Nas Marchas das Vadias, que ocorrem em todo o mundo, e nos protestos do FEMEN, na Ucrânia e se espalhando pelo mundo também, vemos esse uso bélico do corpo feminino.

“Meus seios são duas bombas!”
Essa afirmação é de uma das ativistas do FEMEN e estudante de Economia, Aleksandra (Sasha) Shevchenko.

Aleksandra Shevchenko (Sasha) - FEMEN Ucrânia
 

O corpo que é visto com desejo de posse agora traz em si mensagens chamando atenção pra violência do Governo, da Igreja e do Machismo contra mulheres e contra toda a sociedade explorada. O mais tarado dos homens, ao centrar seus olhos nos seios expostos das Feministas de hoje, não poderão ignorar as mensagens escritas neles e em todo o corpo. Não poderão ignorar os atos e gritos contra a exploração. Se isso lhes conscientiza ou se potencializa sua ira, só saberemos com o tempo. Mas uma coisa é fato: como bombas, os seios feministas estão realmente chamando atenção para as causas levantadas. Mesmo que por meio de discussões sobre a validade de tirar a roupa ou não para defender uma causa. E nisso, já se discute a causa.
Nas Marchas das Vadias que tomaram as ruas do Brasil em 2012, muitas mulheres tiraram a camisa durante a marcha. Muitas dos casos, a marcha fora escoltada pela polícia. Mas por quê? Porque seios são realmente perigosos e a polícia precisa contê-los pra que a mulher não se sinta dona do próprio corpo, e passe a decidir sobre este. E isso desde a época de Napoleão, as reuniões de mulheres nas ruas são controladas pra que elas não se rebelem.

Repressão a ato machista durante Marcha das Vadias, em Brasília.

É o que acontecem com as gurias do FEMEN. Elas se rebelam contra as opressões, e assim como as Vadias em marcha, pautam em seu corpo e em seus cartazes, assuntos dos mais diversos: aborto, turismo sexual, corrupção, religião, pedofilia, economia, violência, meio ambiente... Todo tipo de controle e exploração machista, por meio do poder.
A nudez enquanto ferramenta sexual é banal. Mas enquanto forma de protesto, é criminalizada, pois ela denuncia, ela informa e chama pra luta. Como a Libeté, de Delacroix, portando a bandeira francesa com os seios à mostra e guiando o à revolução.

Le Liberté guidant le peuple (Delacroix)

“Seios são maravilhosos e símbolo de maternidade. As pessoas não deveriam se assustar ou se ofender com protestos de topless. É a mesma coisa que uma mulher que expõe os seios pra amamentar. Não é assustador. A diferença é que num momento os seios alimentam e em outro ele é uma arma política.” Diz Oksana Shachko, estudante de artes e ativista do FEMEN.
E o FEMEN, ao contrário do que muitos pensam, não é composto apenas por mulheres que se enquadram num padrão de beleza que também é construção patriarcal. Há mulheres de todos os tipos, como Alexandra Nemchivo, uma das principais ativistas ucranianas do grupo, e que faz questão de usar seu corpo como arma contra a exploração, dando prosseguimento e vida a mais uma das bandeiras do movimento feminista de todos os tempos: “Todas as mulheres são bonitas!”, “Mulher bonita é a que luta!”

Alexandra Nemchivo - FEMEN Ucrânia

Digamos que, a tal terceira onda do Feminismo não findou ainda enquanto uma quarta onda se impõe. Um movimento cada vez mais politizado e inclusivo, especialmente em relação às mulheres negras, lésbicas e trans. Mas também, um movimento que não teme o enfrentamento. Mesmo que sejam poucas, já é um número crescente. Podemos perceber isso com o número de Marchas das Vadias que aconteceram apenas no Brasil, em relação ao ano de 2011, assim como a quantidade de mulheres que tiraram a camisa nestas marchas em 2012 – um número infinitamente maior que em 2011. Também podemos observar isso com o crescimento ou expansão do FEMEN, que em 2008, contava apenas com a célula original, na Ucrânia. E hoje, quatro anos depois, foi criado o FEMEN Internacional, que conta com representações e ativistas em 27 países, inclusive o Brasil.

FEMEN em Davos
Oksana Shackho (FEMEN) durante a Euro Copa

“Usar a nudez como arma em protestos políticos é um ato educativo”, conclui Oksana, que em 19 de dezembro de 2011 foi sequestrada com mais duas ativistas da FEMEN, pela KGB bielorrussa, após um protesto no país. As ativistas ficaram em poder dos policiais, sofrendo abusos físicos e psicológicos por mais de 24hs, até serem abandonadas nuas numa estrada afastada da capital. 

Oksana mostra as marcas da agressão policial.

Durante protestos em Kiev, capital da Ucrânia, contra a exploração sexual promovida pelo evento, Oksana foi presa e ficou detida por cinco dias, e hoje responde a dois processos.
E quem há de negar isso em tempos de uso do corpo pela exploração capitalista? 
Nada mais coerente que, após a queima de sutiãs, o novo Feminismo seja feito de peito aberto! Mesmo que muitas ativistas não recebam bem ou não aprovem, ele já é um fato e tem chamado a atenção, visibilidade, e conquistando espaços por meio de pequenas discussões - algumas nem tão pequenas - e quebrado o silêncio ao enfrentar o moralismo, sem vergonha ou medo de mostrar o corpo colorido com mensagens de impacto, como uma verdadeira arma.
E para aqueles que temem o poder de uma mulher livre e de uma sociedade livre, realmente, os seios são bombas!




terça-feira, 12 de junho de 2012

Casa do Estudante UFPel X Mosteiro Budista: Qual a diferença entre universitários e monges?



O que se espera de um monge budista? O que se espera de um estudante universitário? O que se espera de um jornalista? O que se espera do Estado? E o que se espera do ser humano, independente das instituições e formações sociais?
A cerca de 2.600 anos, durante o Primeiro Concílio Budista, em Rajagaha, Índia, foram registradas as regras que um monge deve seguir em sua prática. São, até hoje, de acordo com o livro Vinaya Pitaka (Cesto de Disciplinas) da linhagem dos Theravadas (escola mais antiga e tradicional do Budismo), 227 regras para um monge (bhikkhu) e 311 para as monjas (bhikkunis). Elas foram postas para aprovação dos mais de 500 retirantes presentes no Concílio por um dos 10 mestres de disciplina do Buda Sakyamuni, Upali. Conhecido como o mais disciplinado dos monges, o ex-barbeiro, que recebeu a ordenação do próprio Buda e abandonou o sistema de castas indianas, mostrando como Sidarta Gautama, que um ser não é aquilo que a sociedade impõe que ele seja, mas sim um agregado de experiências que ele acumula e cultiva ao longo de sua existência.
Não que esse pensamento budista sobre o ser como um agregado de experiências acumuladas e cultivadas seja uma verdade absoluta - até mesmo porque a única coisa absoluta no budismo é a Impermanência - mas, quem há de negar que, das afirmações sobre a constituição do Ser, essa talvez deva ser a mais racional?
O que é um estudante universitário, senão o acumulo e cultivo de suas experiências? E quando falo de experiências que formam um universitário, o futuro agente social, não me limito à vida acadêmica quadrada, enclausurada e castradora. Mesmo na Idade Média, quando o modelo de Universidade que temos hoje foi fundamentado, os estudantes, em suas vivências acadêmicas, vislumbravam a importância da experiência com o outro, com o coletivo e com a vida, e de várias formas.
Hoje, o conceito de Universidade é, mais que nunca, de multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade e transdisciplinaridade. E sabem o motivo? Não somos seres isolados. Somos entes coletivos. Nossa formação acadêmica não deve ser pra formar apenas mão-de-obra especializada, profissionais capacitados... A Academia, assim como qualquer instituição educacional, é formar seres críticos, capazes de tomar decisões, de transformar sua sociedade e o mundo num lugar melhor, e isso inclui cuidar de si, cuidar do outro e cuidar do meio ambiente. 
Pouca coisa me parte mais o coração do que ver um estudante de Filosofia estar de acordo com o Sistema de mecanização das relações, afirmando que não está estudando pela transformação. É esse o perfil de estudante que os poderosos querem: um robô, capaz de obedecer ordens do Sistema vigente, que não cuida dos seres e do mundo, mas que cuida de interesses privados e lucrativos. Isso não é novidade, sei. 
E o que é essa relação com o outro?
São todas!
Amar, odiar, sorrir, chorar, lutar, calar, reivindicar, cuidar, ensinar, aprender, fazer festa, fazer guerra... Tudo a seu tempo, e de acordo com a necessidade e interesse coletivo. É ser Tom Zé: "Tô estudando pra saber ignorar / Eu tô aqui comendo para vomitar." 
Tanto monges budistas quanto estudantes universitários sempre estiveram a frente das lutas sociais, defendendo os direitos da população e do meio ambiente. Defendendo a importância destes. Sem medo.
Os estudantes são a massa trabalhadora de amanhã. E os monges tem por regra disciplinar, agir em benefício de todos os seres.


E essas relações nos formam muito mais que a Universidade. A vida acadêmica é envolvimento não só com os livros e as cadeiras de um curso, mas com as múltiplas pessoas que transitam por aqueles espaços e fora deles. A vida acadêmica também é impermanente. E o que seria dos estudantes se não se relacionassem e dividissem experiências? E aqui eu vou fugir das experiências com os livros e expandir ainda mais a cabeça: celebrar a vida com os amigos, com pessoas com as quais dividimos medos, anseios, alegrias, lutas e esperanças. Além de dividir tarefas, muitas vezes.
Em geral, o corpo discente de uma universidade é formado por jovens, seres com o sangue pulsando por vida e sede transformadora. Como passar por essa experiência sem provar todas as suas dores e alegrias?
Os moradores da Casa do Estudante UFPel convivem diariamente com o descaso da administração da universidade e da sociedade com os inúmeros problemas acumulados e maquiados em quase 40 anos de CEU. Extintores de incêndio vencidos, fiação exposta, intensas faltas de água, princípios de incêndio, superlotação, rachaduras, infiltrações, goteira, rebocos caindo do teto, camas frágeis e, inclusive, o despreparo da administração para lidar com emergências - a começar pelo kit de primeiros socorros da CEU, que se resume a uma caixa de algodão.
Não bastassem esses problemas, os moradores ainda são proibidos de se reunirem em números maiores que 4 após às 23h00, são impedidos de visitas, estão em constante vigilância - como se já não bastassem câmeras e controle biométrico. 
Colocam que a assistência estudantil é uma 'oportunidade', quando na verdade, é um direito de qualquer cidadão que comprove que não possui condições financeiras de se manter numa universidade. Mais que isso, a Casa do Estudante UFPel nunca foi um presente da instituição aos estudantes. A CEU é fruto de uma conquista! O prédio abandonado foi tomado pelos estudantes na década de 70. "Não é uma dádiva. É uma conquista!"
Nem as regras do Vinaya budista são tão severas. Nem a vida num mosteiro, tão insalubre. E isso levando em questão o voto de pobreza e mendicância!
A sociedade, o Estado, a imprensa, e a administração da universidade esperam que os estudantes que vivem em uma CEU façam voto de pobreza, não interajam, se tornem pedintes... Falam de nós, residentes, como se fossemos presidiários, seres privados do convívio em sociedade, criminosos que, por não terem condições financeiras de se manterem numa no ensino superior, devem ser privados de qualquer direito, que não seja estudar. 
E longe de receber mensalmente, como os presidiários, o auxílio reclusão, que custa R$ 915,05. Mais que o salário mínimo de um trabalhador. Mais que um auxílio moradia de um estudante. Mais que uma bolsa de pesquisa e extensão.
Desculpem-me, mas eu realmente não entendo isso. Muito menos quando a polícia aponta armas para estudantes, trabalhadores e monges que estão lutando por condições melhores de vida, inclusive para este policiais. 
Daí, quando estudantes festejam o simples fato de estarem vivos, são tratados como criminosos. E como se, entre universitários, a festa, a alegria, o vinho, o riso e a descontração fossem alguma novidade ou afronta à sociedade. 
Uma reportagem exibida a poucos dias numa emissora de TV exibe toda uma falácia preconceituosa em todo da vida de estudantes. Vocês poderão ver abaixo:


Após receber inúmeros comentários questionando o profissionalismo da repórter Luize Baini, o vídeo que se encontrava na página da jornalista foi apagado. Mas, como carioca esperto é aquele que usa sunga no lugar da cueca, salvamos o vídeo e postamos novamente. Pois como a jornalista deveria saber e praticar: "A informação não deve ser manipulada e nem omitida."
Contudo, sabemos como a nossa sociedade realmente vê os estudantes e residentes da CEU. E neste segundo vídeo, vocês poderão ver como a mensagem tendenciosa da repórter, da emissora, da administração da CEU e do cristão que levanta falso testemunho, soa aos ouvidos dos pelotenses:


A CEU UFPel foi casa pra muitos estudantes 'farristas', 'maconheiro', 'bêbados' e 'macumbeiros' que, quando a sociedade brasileira clamou por liberdade, inclusive de expressão, foram pras ruas e enfrentaram polícia pra que inúmeras pessoas, inclusive a jornalista Luize Baine, pudessem exercer o direito de se expressar livremente e, mais que isso, garantir a ela uma profissão.
Graças aos 'baderneiros' que não têm medo de serem felizes e de enfrentar o sistema pra defender os interesses coletivos é que a bonita pode disseminar preconceitos, inclusive de crenças - a liberdade de crença é direito constitucional. E graças aos 'baderneiros' também, que o cristão pode levantar falso testemunho sem ser crucificado em praça pública.
Luize Baini, César Borges, Jeferson Miranda, Stephanie e Carmem. Eu defenderei sempre o direito de vocês falarem o que quiserem. Tenho certeza que não só eu, mas estudantes, monges e qualquer um que acredite na liberdade como direito. Mas jamais aceitaremos que vocês nos neguem o nosso direito de liberdade, nosso direito de fala e defesa de acusações - que também é constitucional. Quando precisarem de nós pra defender o direito de vocês falarem a merda que quiserem, estaremos lá pra garantir esse direito, mas nos deem o direito de fala também.
Sabe uma semelhança crucial entre monges budistas e estudantes universitários?? Seguimos a risca o "verás que um filho teu não foge à luta". 
Sabemos da impermanência. Nós passaremos e outros virão. E queremos que eles sejam tão felizes ou mais em sua estadia na CEU UFPel e na vida. Seja bebendo vinho, como Jesus Cristo e seus Apóstolos. Seja bebendo leite como Buda e seus Arahats. 
  

domingo, 10 de junho de 2012

BOMBA! Landa sai do armário sem medo de ser feliz: "Eu gosto é de mulher!"


Landa com seus 'amigos', amanhecendo ainda em clima de festa no Rio, em 2011. A foto vazou na internet após hackers invadirem seu emails e divulgarem fotos pessoais da cantora, onde ela aparece em festas, cercada por inúmeros modelos e strippers. 


Aos 28 anos de idade, a estudante de Filosofia, cantora e compositora carioca, Landa Ciccone assume sua homossexualidade e choca o mundo com a declaração.
Em entrevista exclusiva, Landa, que já foi careca por várias vezes, conta que desde pequena sempre soube de sua orientação sexual: “A gente sabe que é diferente. Você é orientada pra viver uma vida que não parece ser aquilo que você realmente gostaria de viver. A família brincando de casar os primos, as pessoas impedindo as meninas de jogar bola, brincar de correr e incentivando-as às brincadeiras de bonecas... Não que eu não gostasse de brincar de casinha... Foi brincando de casinha que comecei a beijar meninas e me sentia muito feliz com isso. Sempre foi claro pra mim que eu gosto é de mulher”, conta ela, sem medo de revelar que iniciou sua vida sexual com mulheres aos 12 anos.
“Sempre fui uma pessoa discreta, e nunca achei necessário expor minha vida sexual pra sociedade, afinal, não tenho o hábito de transar em público”, ironiza quando perguntada sobre o motivo de manter a sexualidade em segredo por tanto tempo. “As pessoas não devem se preocupar em com quem ou como eu transo, a menos que queiram transar comigo. O que devem observar em mim é em como posso ser útil pra sociedade com meu trabalho, como agente social.”
A cantora, conta que já passou por inúmeros relacionamentos com mulheres, entre eles, alguns casamentos que lhe renderam 4 enteados, hoje está solteira e afirma que nunca ficou com fãs: “Respeito muito meus fãs e não poderia me aproveitar da situação ou dos sentimentos de alguém que admira o meu trabalho. Afinal, uma fã conhece a Landa cantora, não a Landa fora do palco. Caso eu conheça alguma que realmente me desperte o interesse, eu vou querer conhecê-la melhor antes de qualquer coisa. Não gosto de usar as pessoas e respeito muito o que sentem por mim.”
Conhecida pelas incessantes e polêmicas noites boêmias sempre cercada de belos homens e muita bebida, Landa afirma que o maior problema que teve pra assumir, foi dentro de casa, pra família. “Os amigos sempre me respeitaram, sabendo, desconfiando ou não.” E sobre os rumores de casos com amigos – homens –, ela ri: “É engraçado, pois agora todos falarão que tenho casos com minhas amigas, da mesma forma que falavam que eu tinha casos com meus amigos.”
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Eis mais uma daquelas notícias para as quais enchemos a boca para dizer “AH! NOVIDAAADE!”
Em menos de duas semanas, foram contabilizadas pelo menos cinco fugas de Nárnia. O armário começa a se esvaziar numa velocidade que surpreende. O que não surpreende são as figuras que saem de lá. Não que eu não ache importante e significativo que figuras públicas, fictícias e anônimas saiam dos armários, mas confesso que tenho dado boas gargalhadas com o que sai de lá. Parece que não só eu.
Mais que surpresas – que até agora não houve nenhuma –, essas ‘assumidas públicas’ não passam de uma forma de calar os fofoqueiros de plantão. Ou alguém realmente se surpreendeu que Pepê, Neném, Lanterna Verde, Isabella Taviani e Jim Parsons (Sheldon Cooper – The Big Bang Theory) fossem do clã?!
A questão é que as mídias insistem em divulgar essas ‘bombas’ como se ainda chocassem alguém além dos evangélicos, que se embrenham em longas orações por nossa ‘cura’ ou queimação – que na verdade, não estão nem aí pra essas pessoas quem passaram longe de arrombar o armário.
Sou super a favor de que artistas se assumam abertamente. Ídolos homossexuais são extremamente necessários. Mas mídia ainda quer fazer sensacionalismo em cima de algo que não choca mais. Chocante era na época de Oscar Wilde e até mesmo quando surgiu Luhli e Lucina, com o Amor Livre (uma reportagem linda sobre as duas na revista TRIP  http://revistatrip.uol.com.br//revista/204/reportagens/livres-leves-e-soltas.html ). Chocante era em 1981, quando cinco policiais militares agrediram Ângela Ro Ro após o famoso ‘escândalo’ com Zizi. De Madonna e sua intensa condenação pela Igreja Católica, que se arrasta desde 1989, com Like A Prayer, e se intensifica na década de 90 com inúmeros trabalhos onde explora a sexualidade de várias formas com seu trabalho e, inclusive, em sua vida sexual, estar cercada por LGBTs ou ter relações homossexuais se tornou degrau pra estar na mídia. Acontece que Madonna leva isso tudo até as últimas conseqüências na defesa de soropositivos, homossexuais e mulheres. Aliás, irá enfrentar a justiça russa em agosto, caso aborde, defenda ou tenha práticas homossexuais durante o show que realizará no país. E ela já se posicionou quanto ao aviso do governo russo e garante o enfrentamento a essa “atrocidade ridícula”.
Mas a questão aqui é o assumir... E Madonna assume coisas demais pra estar em questão. Também nem choca mais.
Há uma grande louvação da figura de Cássia Eller por essa mídia sensacionalista, como marco da homossexualidade na música, como se fosse o ícone máximo e inspirador pra que outras artistas assumissem. Mas a verdade é que Cássia é considerada desta forma por ser a imagem da lésbica que choca: a sapatão caminhoneira. Muito além da homossexualidade, Cássia é um ícone real da luta pelos direitos de constituir uma família com outra mulher – que também não é muita novidade, pois mais uma vez, Luhli e Lucina já haviam feito isso no meio musical. Cássia é recente. Em 30 anos sua vida com Maria Eugênia será tão abafada quanto a de Luhli e Lucina é hoje; parte boa da memória dos que realmente foram tocados pelo movimento dos casais e a vontade de estar juntas. A questão “Cássia Eller” – se é que deva ser uma questão – é ser visivelmente ‘sapatão’. As lésbicas esteticamente ‘femininas’ chocam tanto quanto os gays esteticamente ‘masculinos’: apenas no momento do beijo e olhe lá!
E na ausência de Cássia Eller, e na impossibilidade de Ana Carolina suprir aquela figura da sapatão que choca, a mídia vem tentando isso com Maria Gadú que, assim como Ana, desliza na superfície sensacionalista midiática. E esse deslize afeta as amigas com uma releitura do velho pensamento machista de “não existe amizade entre homens e mulheres”. Da mesma forma é aplicado aos homossexuais: “não existe amizade entre uma lésbica e uma outra mulher”. Há um interesse muito maior das pessoas de que haja uma relação sexual no lugar da amizade. Assim começou a violência com Luiza Possi por ser amiga de Gadu.
Luiza foi atacada freneticamente pela tal suposição de uma relação amorosa/sexual com Gadu. Ataques que colocavam o profissionalismo dela em xeque diante da possibilidade dela ser lésbica. Desde quando um trabalho tem valor menor se realizado por um homossexual?? A mídia estimula o instinto violento do ser humano, a necessidade de crucificar alguém simplesmente pra se convencer que seus ‘pecados’ são menores perto dos ‘pecados’ dos outros. Um crime de ódio se dá desta forma: o outro tem práticas desprezíveis e isso me autoriza a humilhá-lo ou espancá-lo.
E no caso de alguns artistas, assumir sua sexualidade é calar as especulações em torno desta. O famoso “Será que ele é?”
Às vezes dá vontade de perguntar se querem pegar. Afinal, aos homossexuais só interessa saber sobre a sexualidade do outro pelo simples fato de identificação ou de estar afim e saber se pode investir sem tomar uma lâmpada na cara.
Estamos ainda em tempos de construção de voz. Daí a importância das ‘saídas’ do armário: para que notem que nós, homossexuais, estamos em várias áreas da sociedade e da vida. Obrigando os homofóbicos a conviverem conosco, a nos aceitarem como fato e seres ativos na sociedade. Que isso se dê continuamente até que, expor sua sexualidade seja necessária apenas para o caso de investir numa relação, dar em cima de alguém... Ou que nem isso. Que as pessoas se interessem e descubram pelo caminho. Ou, pra minha satisfação radical, que quem tenha que assumir sexualidade um dia sejam os heterossexuais. Que os heteros vivam os conflitos e benefícios de descobrir sua sexualidade. Isso é lucro pra sociedade.
Talvez seja hora de, quem ainda vive em Nárnia, abandonar o armário pra socarmos lá os heteros – todos: liberais, legais, homofóbicos... – com a finalidade única de assumirem a responsabilidade de descobrirem e exercerem sua sexualidade.
Assim, ninguém mais usaria o termo ‘viado’ para desprezar ninguém. Nem se agrediria o outro por ser afeminado/feminino, pois ser feminino não é ser menor. E ninguém mais se preocuparia em corrigir a sexualidade de ninguém. Se tu é HT e é afim de um homossexual ou vice-versa, paciência. Não se pode ter tudo.
Precisamos banalizar a homossexualidade. E isso está acontecendo quando a mídia faz circo com a sexualidade dos artistas e, ao invés de o público aplaudir ou rir da morte, do desconforto daquele que é exposto, hoje nós rimos da imprensa e emitimos comentários irônicos sobre a burrice desta em anunciar coisas que nunca foram novidades ou que simplesmente, não possuem importância, como foi sobre a declaração de Pepê e Neném de que são lésbicas... “AH! QUE NOVIDADE!!”
Como diz Marina Lima, “TODOS SOMOS GAYS!”
E que todos assumam. Mesmo que não são. Simplesmente pelo direito do outro ser aquilo que se é.
Que se provoque essa banalização da homossexualidade, para que, cada vez mais, a gente dê risada da imprensa ridícula, e que um dia eles entendam que, a sexualidade do outro só me interessa se estou afim deste. E olhe lá.
E como não estou afim nem de Pepê e nem de Neném...     
E você? O quê que te choca?

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Fotos do I Encontro Nacional de Mulheres da MPB - Pelotas/RS

Confiram tudo e mais um pouco do que rolou no Encontro Nacional de Mulheres da MPB.

CLIQUE AQUI PARA ACESSAR O ÁLBUM DO ENCONTRO

quarta-feira, 18 de abril de 2012

domingo, 1 de abril de 2012

I Encontro Nacional de Mulheres da MPB - Pelotas/RS


Obra de Deca Ligabues. Arte Gráfica: Carolina Ferreira.


Projeto
A necessidade de conhecimento e divulgação musical das mulheres, bem como da criação de um espaço de diálogo e troca de experiências para as brasileiras que atuam no meio musical foi o primeiro alicerce da construção do Encontro Nacional de Mulheres da Música Popular Brasileira – Pelotas/RS.
A partir deste encontro, reunindo criadoras e interpretes, espera-se construir um espaço de debates, de trocas de vivências musicais e de experiências profissionais, questionando os espaços e fazendo considerações sobre a produção feminina na música popular.
Contemplando os espaços acadêmicos e os espaços culturais da cidade - o meio urbano e o rural -, a programação pretende aaproximação entre eles, incluindo atividades num espaço alternativo, O Templo das Águas ( http://www.youtube.com/watch?v=UM7QiCymmnY ), além de debates, oficinas, formação de educadores e shows em diversos espaços da cidade de Pelotas, proporcionando oportunidades de vivências e troca de experiências entre mulheres profissionais da música de diversas regiões do Brasil com o público/ambiente.
Ao mesmo tempo, compreendemos a atualidade das discussões sobre estudos de gênero e música, trazendo para a contemporaneidade o interesse do olhar para a produção musical feminina.
Entendendo que Pelotas é um centro cultural que vem destacando-se por suas atividades musicais, e compreendendo que a história da cidade vem sendo revisitada e atualizada para que, no presente, se mantenha como referência no circuito musical; justificamos como extremamente pertinente que um projeto desta natureza esteja sediado nesta cidade.

Homenagem
Giamarê. (Foto: site Moviola)

O Encontro Nacional de Mulheres da Música Popular Brasileira – Pelotas/RS, prestará homenagem permanente à obra e à figura de uma artista que fez sua vida e carreira na cidade de Pelotas. A cantora e compositora Ligiamar Brochado de Jesus, a Giamarê, foi e ainda é uma das principais figuras da música pelotense, pelas características peculiares de seu trabalho, como a ousadia e o talento para levar pelo Brasil um instrumento que é o símbolo da cultura negra de Pelotas: o tambor de sopapo.
Giamarê faleceu no dia 12 de dezembro de 2011, aos 50 anos de idade. A artista, que lutou durante anos contra a neuromielite óptica (uma doença progressiva, que leva à perda de visão e à paralisia), morreu na casa geriátrica onde residia, em decorrência de uma insuficiência renal. O tratamento de saúde da artista foi financiado pela arrecadação de fundos feita por artistas da cidade de Pelotas, em shows beneficentes, chamados Mais Um Canto Pá Ocê, organizados para este fim.

O Encontro Nacional de Mulheres da Música Popular Brasileira – Pelotas/RS vem com a ideia de se tornar um evento fixo no calendário de Pelotas e da música popular no Brasil, e reconhecido pela sua importância enquanto evento que reúne e trabalha com elementos tão bem expressos por Giamarê em seu trabalho: o Ser e o Meio Ambiente com o qual ele se relaciona e o qual e pelo qual ele se expressa.

Artistas
A seleção de artistas convidadas a participar do Encontro Nacional de Mulheres da Música Popular Brasileira – Pelotas/RS, foi feita visando mulheres cujo o trabalho contemplasse a relação do feminino com o ambiente em que está inserido e como isso se expressa na música, no trabalho destas mulheres. Além disso, um fator primordial, foi escolher artistas com as quais pudéssemos realizar um intercâmbio cultural, também, com outras artistas gaúchas.
São 22 artistas de fora do Estado do Rio Grande do Sul e mais 27 artistas gaúchos.

Realização
O Encontro Nacional de Mulheres da Música Popular Brasileira – Pelotas/RS acontecerá de 24 a 29 de abril de 2012, em vários espaços da cidade, com suas diversas atividades.
Dentre os locais já confirmados: Conservatório de Música – UFPel, Restaurante Liberdade, Bar e Champanharia João Gilberto, Theatro Guarany, Teatro COP-UFPel e Templo das Águas.

Apoios
Interessados em apoiar financeiramente o evento, entrem em contato com a Organização através do email encontrodemulheresdampb@gmail.com

Blog do evento com todas as informações:

sexta-feira, 2 de março de 2012

Ágora não é pinico!

Vocês sabem o que é uma Ágora?






Ágora: Praça destinada ao exercício da Democracia.


Ágora era a praça principal na constituição da pólis, a cidade grega da Antiguidade clássica
Normalmente era um espaço livre de edificações, onde as pessoas costumavam ir configuradas pela presença de mercados e feiras livres em seus limites, assim como por edifícios de caráter público. Enquanto elemento de constituição do espaço urbano, a ágora manifesta-se como a expressão máxima da esfera pública na urbanística grega, sendo o espaço público por excelência. É nela que o cidadão grego convive com o outro para comprar coisas nas feiras, onde ocorrem as discussões políticas e os tribunais populares: é, portanto, o espaço da cidadania. Por este motivo, a ágora (assim como o pnyx, o espaço de realização das eclesias) era considerada um símbolo da democracia direta, e, em especial, da democracia ateniense, na qual todos os cidadãos tinham igual voz e direito a voto
A de Atenas, por este motivo, também é a mais conhecida de todas as ágoras nas pólis da antiguidade. Nas ágoras estavam presentes em maioria os aqueus, que se destacavam pela habilidade comercial e de mercado.
As assembleias aconteciam na Ágora, onde o povo podia decidir sobre temas ligados a justiça, obras públicas, leis, cultura, comércio e afins através do voto. 
Era espaço público para debates.
Foram em ágoras que os grandes pensadores da Antiguidade expunham seus pensamentos, promoviam grandes debates... 
Muitos dos principais diálogos de Sócrates, registrados por Platão, aconteceram na ágora grega.
Ou seja, ali nasceu e se fundamentou a Democracia, a Política, a Filosofia e tantas coisas mais.


Mas hoje, aconteceu o seguinte fato da foto:




Tony Seichi é figura conhecida de quem acompanhou este blog durante as eleições para DCE da UFPel em 2011.
E não, ele não é uma pessoa burra. Está longe de ser ignorante. Esse comentário dele não é fruto da falta de conhecimento a respeito de o que é uma ágora.
Ele é estudante de agronomia, membro do DANV (Diretório Acadêmico Nunes Vieira - Agronomia UFPel), já foi gestão do DCE UFPel em 2010, concorreu e teve sua chapa derrotada nas eleições para gestão do DCE 2011 e 2012, militante de partido político (PSB), com discurso bem mastigado na ponta da língua...
Não dá pra crer que um cara desses realmente pense que o lugar onde nasceu e se fundamentou uma área que ele adora atuar - de forma duvidosa até que ele prove o contrário com ações -, a Política, tenha sido "um grande pinico."


As Câmaras Legislativas atuais foram criadas tendo a Ágora grega como inspiração. O que muitos políticos a transformaram, realmente pode até parecer um pinico. E talvez por gostar de atuar aí, onde ele chama de 'pinico', que ele identifique com aquilo que depositamos dentro do pinico e que lhe dá serventia.
Por conta de pessoas que pensam assim, que a Política vira bosta! 
Porque a gente coloca os merdas que pensam assim, dentro do lugar que foi chamado de pinico. E se um cara desses se envolve com política, tendo o lugar onde se deve representar o povo como um grande depósito de bosta, certamente é porque ele não cheira bem...


Sei que existem 'pré-conceitos' entre o pessoal das Humanas, da Agronomia e de outras áreas. Mas enquanto a gente continua alimentando isso e desrespeitando o curso, a história do curso, a história da humanidade... Nada vai mudar.
E fica muito mais feio quando alguém que quer representar estudantes faz questão de menosprezar o curso destes estudantes.
Quer fazer piadinha com a gente? Faça entre os teus. Se não, aguente o tranco.
Aprenda que quem quer representar um grupo tem que antes, aprender a respeitar esse grupo.






Estudante: ainda não tem como ou onde morar em Pelotas?

Galera,
Seguinte:


Quem ainda não se arranjou aqui em Pelotas por não ter condições de se manter na cidade sem as bolsas e está aguardando por elas, tá aí a confirmação da Casa de Passagem da UFPel pra acolher os casos emergenciais:


"Em reunião com a Pró-reitoria de assuntos estudantis. Ficou definitivamente dito que haverá casa de passagem para os alunos vindos de fora.
O método será: os alunos que chegarem hoje, devem se dirigir para a Casa do Estudante situada na Rua Andrade Neves n° 1290 a qualquer horário.
O mesmo acontecerá nos finais de semana, entretanto haverá plantões explicativos com os funcionários da PRAE no sábado e domingo das 10h – 12h e das 16h – 18h. Mas todo alunos que chegar antes ou depois desses horários citados, deverão ir para a Casa do Estudante e de lá encaminhado para o alojamento de acordo com cronograma da PRAE. 
Qualquer dúvida favor entrar em contato com o DCE pelo fone            (53) 3227-6560      , email: dceufpel2011@gmail.com ou fone da PRAE            (53) 3921-1213       ate as 14h de hoje. A partir de segunda a Universidade volta para o seu horário normal."
http://www.dceufpel.org/

http://www.dceufpel.org/2011/08/nova-casa-de-passagem-da-ufpel/



Aqueles que ainda não têm onde morar por não terem encontrado casa, gente pra dividir, ou ainda precisa negociar com imobiliárias, sugiro que procurem o DCE UFPel. Lá a galera vai orientar vocês quanto a isso tudo e, se precisar, o DCE dá um teto temporário até arrumarem isso, ou, se ainda houverem vagas temporárias na Casa de Passagem, os estudantes serão encaminhados para lá. 
É só entrar em contato com o DCE. Eles foram reeleitos pra nos representar e estão fazendo isso.


(Sim! Puxo o saco da gurizada! Mas também puxo a orelha quando merecem! Só eles sabem o quanto puxo! kkkk)


Bem vindos à Pelotas!!