Aos 28 anos de idade, a estudante de Filosofia, cantora e
compositora carioca, Landa Ciccone assume sua homossexualidade e choca o
mundo com a declaração.
Em entrevista exclusiva, Landa, que já foi careca por várias vezes, conta que desde pequena
sempre soube de sua orientação sexual: “A gente sabe que é diferente. Você é
orientada pra viver uma vida que não parece ser aquilo que você realmente
gostaria de viver. A família brincando de casar os primos, as pessoas impedindo
as meninas de jogar bola, brincar de correr e incentivando-as às brincadeiras
de bonecas... Não que eu não gostasse de brincar de casinha... Foi brincando de
casinha que comecei a beijar meninas e me sentia muito feliz com isso. Sempre
foi claro pra mim que eu gosto é de mulher”, conta ela, sem medo de revelar que
iniciou sua vida sexual com mulheres aos 12 anos.
“Sempre fui uma pessoa discreta, e nunca achei necessário
expor minha vida sexual pra sociedade, afinal, não tenho o hábito de transar em
público”, ironiza quando perguntada sobre o motivo de manter a sexualidade em
segredo por tanto tempo. “As pessoas não devem se preocupar em com quem ou como
eu transo, a menos que queiram transar comigo. O que devem observar em mim é em
como posso ser útil pra sociedade com meu trabalho, como agente social.”
A cantora, conta que já passou por inúmeros relacionamentos com mulheres, entre
eles, alguns casamentos que lhe renderam 4 enteados, hoje está solteira e
afirma que nunca ficou com fãs: “Respeito muito meus fãs e não poderia me
aproveitar da situação ou dos sentimentos de alguém que admira o meu trabalho.
Afinal, uma fã conhece a Landa cantora, não a Landa fora do palco. Caso eu
conheça alguma que realmente me desperte o interesse, eu vou querer conhecê-la
melhor antes de qualquer coisa. Não gosto de usar as pessoas e respeito muito o
que sentem por mim.”
Conhecida pelas incessantes e polêmicas noites boêmias sempre cercada de belos homens e muita bebida, Landa afirma que o maior problema que teve pra assumir, foi
dentro de casa, pra família. “Os amigos sempre me respeitaram, sabendo,
desconfiando ou não.” E sobre os rumores de casos com amigos – homens –, ela
ri: “É engraçado, pois agora todos falarão que tenho casos com minhas amigas,
da mesma forma que falavam que eu tinha casos com meus amigos.”
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Eis mais uma daquelas notícias para as quais enchemos a boca
para dizer “AH! NOVIDAAADE!”
Em menos de duas semanas, foram contabilizadas pelo menos
cinco fugas de Nárnia. O armário começa a se esvaziar numa velocidade que
surpreende. O que não surpreende são as figuras que saem de lá. Não que eu não
ache importante e significativo que figuras públicas, fictícias e anônimas
saiam dos armários, mas confesso que tenho dado boas gargalhadas com o que sai
de lá. Parece que não só eu.
Mais que surpresas – que até agora não houve nenhuma –,
essas ‘assumidas públicas’ não passam de uma forma de calar os fofoqueiros de
plantão. Ou alguém realmente se surpreendeu que Pepê, Neném, Lanterna Verde,
Isabella Taviani e Jim Parsons (Sheldon Cooper – The Big Bang Theory) fossem do
clã?!
A questão é que as mídias insistem em divulgar essas ‘bombas’
como se ainda chocassem alguém além dos evangélicos, que se embrenham em longas
orações por nossa ‘cura’ ou queimação – que na verdade, não estão nem aí pra
essas pessoas quem passaram longe de arrombar o armário.
Sou super a favor de que artistas se assumam abertamente.
Ídolos homossexuais são extremamente necessários. Mas mídia ainda quer fazer
sensacionalismo em cima de algo que não choca mais. Chocante era na época de
Oscar Wilde e até mesmo quando surgiu Luhli e Lucina, com o Amor Livre (uma
reportagem linda sobre as duas na revista TRIP http://revistatrip.uol.com.br//revista/204/reportagens/livres-leves-e-soltas.html
). Chocante era em 1981, quando cinco policiais militares agrediram Ângela Ro
Ro após o famoso ‘escândalo’ com Zizi. De Madonna e sua intensa condenação pela
Igreja Católica, que se arrasta desde 1989, com Like A Prayer, e se intensifica
na década de 90 com inúmeros trabalhos onde explora a sexualidade de várias
formas com seu trabalho e, inclusive, em sua vida sexual, estar cercada por
LGBTs ou ter relações homossexuais se tornou degrau pra estar na mídia.
Acontece que Madonna leva isso tudo até as últimas conseqüências na defesa de
soropositivos, homossexuais e mulheres. Aliás, irá enfrentar a justiça russa em
agosto, caso aborde, defenda ou tenha práticas homossexuais durante o show que
realizará no país. E ela já se posicionou quanto ao aviso do governo russo e
garante o enfrentamento a essa “atrocidade ridícula”.
Mas a questão aqui é o assumir... E Madonna assume coisas
demais pra estar em questão. Também nem choca mais.
Há uma grande louvação da figura de Cássia Eller por essa
mídia sensacionalista, como marco da homossexualidade na música, como se fosse
o ícone máximo e inspirador pra que outras artistas assumissem. Mas a verdade é
que Cássia é considerada desta forma por ser a imagem da lésbica que choca: a
sapatão caminhoneira. Muito além da homossexualidade, Cássia é um ícone real da
luta pelos direitos de constituir uma família com outra mulher – que também não
é muita novidade, pois mais uma vez, Luhli e Lucina já haviam feito isso no
meio musical. Cássia é recente. Em 30 anos sua vida com Maria Eugênia será tão
abafada quanto a de Luhli e Lucina é hoje; parte boa da memória dos que
realmente foram tocados pelo movimento dos casais e a vontade de estar juntas.
A questão “Cássia Eller” – se é que deva ser uma questão – é ser visivelmente ‘sapatão’.
As lésbicas esteticamente ‘femininas’ chocam tanto quanto os gays esteticamente
‘masculinos’: apenas no momento do beijo e olhe lá!
E na ausência de Cássia Eller, e na impossibilidade de Ana
Carolina suprir aquela figura da sapatão que choca, a mídia vem tentando isso
com Maria Gadú que, assim como Ana, desliza na superfície sensacionalista midiática.
E esse deslize afeta as amigas com uma releitura do velho pensamento machista
de “não existe amizade entre homens e mulheres”. Da mesma forma é aplicado aos
homossexuais: “não existe amizade entre uma lésbica e uma outra mulher”. Há um
interesse muito maior das pessoas de que haja uma relação sexual no lugar da
amizade. Assim começou a violência com Luiza Possi por ser amiga de Gadu.
Luiza foi atacada freneticamente pela tal suposição de uma
relação amorosa/sexual com Gadu. Ataques que colocavam o profissionalismo dela
em xeque diante da possibilidade dela ser lésbica. Desde quando um trabalho tem
valor menor se realizado por um homossexual?? A mídia estimula o instinto
violento do ser humano, a necessidade de crucificar alguém simplesmente pra se
convencer que seus ‘pecados’ são menores perto dos ‘pecados’ dos outros. Um
crime de ódio se dá desta forma: o outro tem práticas desprezíveis e isso me
autoriza a humilhá-lo ou espancá-lo.
E no caso de alguns artistas, assumir sua sexualidade é
calar as especulações em torno desta. O famoso “Será que ele é?”
Às vezes dá vontade de perguntar se querem pegar. Afinal,
aos homossexuais só interessa saber sobre a sexualidade do outro pelo simples
fato de identificação ou de estar afim e saber se pode investir sem tomar uma
lâmpada na cara.
Estamos ainda em tempos de construção de voz. Daí a
importância das ‘saídas’ do armário: para que notem que nós, homossexuais,
estamos em várias áreas da sociedade e da vida. Obrigando os homofóbicos a
conviverem conosco, a nos aceitarem como fato e seres ativos na sociedade. Que
isso se dê continuamente até que, expor sua sexualidade seja necessária apenas
para o caso de investir numa relação, dar em cima de alguém... Ou que nem isso.
Que as pessoas se interessem e descubram pelo caminho. Ou, pra minha satisfação
radical, que quem tenha que assumir sexualidade um dia sejam os heterossexuais.
Que os heteros vivam os conflitos e benefícios de descobrir sua sexualidade.
Isso é lucro pra sociedade.
Talvez seja hora de, quem ainda vive em Nárnia, abandonar o
armário pra socarmos lá os heteros – todos: liberais, legais, homofóbicos... –
com a finalidade única de assumirem a responsabilidade de descobrirem e
exercerem sua sexualidade.
Assim, ninguém mais usaria o termo ‘viado’ para desprezar
ninguém. Nem se agrediria o outro por ser afeminado/feminino, pois ser feminino
não é ser menor. E ninguém mais se preocuparia em corrigir a sexualidade de
ninguém. Se tu é HT e é afim de um homossexual ou vice-versa, paciência. Não se
pode ter tudo.
Precisamos banalizar a homossexualidade. E isso está
acontecendo quando a mídia faz circo com a sexualidade dos artistas e, ao invés
de o público aplaudir ou rir da morte, do desconforto daquele que é exposto,
hoje nós rimos da imprensa e emitimos comentários irônicos sobre a burrice
desta em anunciar coisas que nunca foram novidades ou que simplesmente, não
possuem importância, como foi sobre a declaração de Pepê e Neném de que são
lésbicas... “AH! QUE NOVIDADE!!”
Como diz Marina Lima, “TODOS SOMOS GAYS!”
E que todos assumam. Mesmo que não são. Simplesmente pelo
direito do outro ser aquilo que se é.
Que se provoque essa banalização da homossexualidade, para
que, cada vez mais, a gente dê risada da imprensa ridícula, e que um dia eles
entendam que, a sexualidade do outro só me interessa se estou afim deste. E
olhe lá.
E como não estou afim nem de Pepê e nem de Neném...
E você? O quê que te choca?
3 comentários:
FODA GATA...apoio, aplaudo e assino embaixo!!!!Compartilho com orgulho!!!! ;)
Erica
Mon dieeeeeeeeeeeeeeeu, você foi muito feliz, muito sensacional nesse texto, landa.
Quero te comeeeeer (com todo respeito.
haahahah
Congratulações, de verdade.
Dois beijos. ^^
kkkkkkkkkkk...
Meninas, obrigada!
Querida "Unknow que quer me comer", identifique-se. Vai que eu coloco a maçã na boca...
kkkkk...
beijos
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