quinta-feira, 13 de novembro de 2008

NÓS, AS MAL CRIADAS!

Tive uma conversa no mês passado com algumas pessoas do Rio de Janeiro sobre a diferença entre Rio e São Paulo quando o assunto é diversidade sexual, por conta da fama de Sampa, enquanto grande metrópole acolhedora de todo tipo de diversidade.

Lembro-me de ressaltar que, São Paulo está muito atrasada quando o assunto é uma legislação que dê proteção e garanta os direitos dos homossexuais, mas que a população tem uma aceitação – ou tolerância – quando colocamos em questão o direito de fazer valer em público a homoafetividade; ao contrário do Rio, que tem uma legislação cada vez mais ampla e uma população que permanece sentada sobre seus pseudos valores instituídos por uma cultura castradora.

Estou acompanhando, de meu trono paulistano, as repercussões da lei 2475, que garante aos homossexuais demonstrações públicas de afeto. Simplesmente isso, pois não é só uma lei que nos permita freqüentar lugares fora dos guetos sem sofrer constrangimentos por “amar nosso semelhante”.

Num dia, os jornais exaltam e divulgam a lei 2475, juntamente com o telefone e email para denúncias. E temos na primeira página de um dos principais jornais do Rio, um belo casal de rapazes, anunciando a nova conquista. E no dia seguinte, um belo casal de moças, anunciando a repercussão e - essa é a parte que me deixou profundamente incomodada – uma lista de locais exclusivamente ‘nossos’. ???

Seria isso um “bacana, apoiamos essa lei, mas não venham para os locais onde freqüento”? Uma dona disse que não é preconceituosa, mas não quer que seu filho veja duas pessoas do mesmo sexo se beijando para não confundir o menino. Um senhor também diz que não é preconceituoso, mas que essa lei deturpa a educação das crianças e a noção de família.

Dias antes uma cantora grávida e seu marido viram notícia quando questionados da possibilidade de seu filho ser homossexual e, a resposta é: “ele será macho!”, “ele será bem criado.” Tudo bem que não penso que seja uma pergunta adequada a ser feita para ‘aquela’ senhora, para ‘aquele’ programa.

E deixo aqui um questionamento a todas nós, as mal criadas (pobres mães, as nossas): Somos nós, os mal criados, os incapazes de educar uma criança? Somos nós, os mal criados, os incapazes de formar uma família e passar valores que valham às crianças?

Sinceramente... Tem horas que não tenho a mínima vontade de trazer uma criança ao mundo para que ela conviva com esse tipo de situação.

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